Los brasileños se despertaron hoy con la triste noticia de la muerte del cantante, compositor y poeta cordelero Moraes Moreira, quien fue encontrado sin vida en su departamento. Era de Bahía, pero vivía en Río de Janeiro, donde murió mientras dormía en su casa. Como es un período de contagio por el coronavirus, la ceremonia de despedida estará cerrada al público -solo para los miembros de la familia-. De seguro en otro tiempo sería un verdadero carnaval con los fanáticos participando y cantando sus canciones...
Disfrutar de su trabajo es el mejor homenaje en este momento. Y tomará mucho tiempo escuchar todo su trabajo recogido en 40 discos: 29 de su carrera en solitario, 8 con Novos Baianos y también con el Trio Elétrico Dodô y Osmar, además de 2 álbumes en asociación con el guitarrista Pepeu Gomes. Y tiene de todos los ritmos y para todos gustos: desde los populares frevo, baião, rock, samba, choro e incluso música clásica.
Moreira se hizo famoso por ser uno de los fundadores en la década de 1970 del grupo Novos Baianos junto a Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor y Luiz Galvão. En poesía, Moraes Moreira era conocido por sus cuerdas, incluso ocupaba la cátedra 38 de la Academia de Literatura e Cordel. Y el mes pasado publicó en su instagram:
“Estoy aquí en Gávea, entre mi casa y mi oficina, que están cerca, cumpliendo mi cuarentena, jugando y escribiendo sin parar. Este Cordel nació al amanecer del 17 de marzo y se lo enviaré para su apreciación. ¡Buena suerte!"
QUARENTENA
Por Moraes Moreira
Eu temo o coronavírus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a Pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mais atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estupro
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não violência
Toda noite e todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a Polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo...
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já foram postas
Mas prevalecem os reles
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não Tem tempo, nem idade.